1975 foi um ano particularmente importante para a
história de publicações merquiorianas. No post anterior (de 20 de maio), já nos
referimos ao pequeno livro O
estruturalismo dos pobres e outras questões, ao qual se juntariam as
traduções de L’esthétique de Lévi-Strauss
e da tese de doutoramento em Letras defendida e publicada com o título de Verso universo em Drummond.
A estética de
Lévi-Strauss resultou das pesquisas que José
Guilherme Merquior desenvolveu, no final da década de 1960, como aluno do pai fundador
do estruturalismo, o célebre antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss (1908-2009),
na École des Hautes Études de Paris. Apresentado originalmente em comunicação
proferida em francês, a primeira edição do trabalho foi, contudo, sua tradução por
Juvenal Hahne Jr., publicado pela Tempo Brasileiro em parceria com a Universidade
de Brasília. O livro, cuja capa está à esquerda na imagem acima, consiste no
número 40 da coleção Biblioteca Tempo Universitário.
Acima ao centro, trata-se da edição em francês
publicada apenas em 1977 pela editora PUF, consistindo em volume da Coleção
Croisées.
A segunda edição traduzida foi lançada pela É
Realizações, como volume da Biblioteca José Guilherme Merquior. Sua capa é a da
imagem acima à direita. Vem acrescida da apresentação, intitulada “A vocação
crítica de José Guilherme Merquior”, de autoria de João Cezar de Castro Rocha,
e dos posfácios “Escada para o céu: José Guilherme Merquior hoje”, de
Christopher Domínguez Michael, e “A arte como forma de conhecimento: uma
leitura de A estética de Lévi-Strauss”,
de Eduardo Cesar Maia.
O ensaísta carioca não publicou nenhum livro em
1976. Mas no ano seguinte apareceu seu De
Anchieta e Euclides, pela Livraria José Olympio na Coleção Documentos
Brasileiros. Em 1979, pela mesma editora publica-se a segunda edição, cuja capa
– idêntica à da princeps – figura na
imagem acima à esquerda. A Topbooks lançou, em 1996, a terceira edição (capa na
imagem acima ao centro), tendo reproduzido na orelha passagem da resenha dessa
“breve história da literatura brasileira” escrita por Ferreira Gullar e publicada
antes na revista Veja de 8 de março
de 1978. Por fim, a É Realizações se incumbiu da quarta e mais recente edição
desse que é o livro mais editado de José Guilherme Merquior. Lançado em 2014, o
volume mais uma vez reproduz as palavras do poeta maranhense na orelha, e se
enriquece com a apresentação “A visão integradora de José Guilherme Merquior:
por uma história crítica da literatura brasileira”, de Fábio Andrade, com
imagens de cartas e recortes de jornais concernentes à primeira publicação do
livro, além dos posfácios “Aquecendo os músculos: a história literária de um
jovem crítico”, de João Cezar de Castro Rocha, e “Merquior ou a rebeldia com
razão”, de Adriano Lima Drummond.
Eduardo Portella relata que De Anchieta a Euclides resultou de uma proposta feita a ele mesmo e
a Merquior para que cada um escrevesse um de dois volumes nos quais se
dividiria a história da literatura brasileira, desde o século XVI até o
modernismo. Portella não se entusiasmou com a ideia, sendo apenas publicado o livro
do amigo.
1978 é outro ano sem livro de Merquior. Em 1979, o
ensaísta, que se doutoraria pela London School of Economics and Political
Sciences, sob orientação de Ernest Gellner, publicou alguns dos frutos dessa
pesquisa: The veil and the mask: essays
on culture and ideology. Mas o livro seria publicado no Brasil, traduzido
por Lólio Lourenço de Oliveira, apenas em 1997 – portanto, cerca de seis anos
após a morte do autor. A editora é a T. A. Queiroz de São Paulo.