Tendo
em vista que muitos alunos me solicitam a diferenciação entre os
termos acima, posto transcrição de trecho da introdução a O socialismo brasileiro, coletânea de textos organizada por
Evaristo de Moraes Filho. Na passagem abaixo, o autor – diga-se de passagem, militante
socialista – considera especialmente o contexto de meados do século XIX até
meados do XX, e esclarece que:
“Em
certos momentos e em determinados casos extremos, torna-se mais fácil distinguir
entre anarquismo, comunismo (marxismo) e socialismo. Apelava o primeiro para a
ação direta, para a violência, para o terrorismo, se necessário, e para a plena liberdade do indivíduo, com total supressão do Estado, sempre
opressor e de classe. Isto em sua forma típica, pura. O segundo reconhece na
luta de classe a força propulsora da história, acreditando que a natureza e a
sociedade podem dar saltos, fazendo da
revolução o instrumento de ascensão do proletariado e seus aliados,
instalando-se a sua ditadura, como
período indispensável ao desaparecimento das classes e advento definitivo
do regime comunista. Só então o Estado se tornará desnecessário e inútil, por
não haver mais classe dominante e classe dominada. O terceiro prega também a
socialização dos meios de produção e da propriedade em geral, concorda com os
anarquistas quanto à ação direta (greve) e quanto aos comunistas no que se
refere à luta de classes, mas não concorda com a revolução como único caminho
de mudanças e nem com a ditadura do proletariado. Quer acabar com as classes e
instalar uma sociedade verdadeiramente socialista, mas que o seja também verdadeiramente
humanista e democrática, livre, aberta, pluralista, mas desde que se respeite o
princípio fundamental da socialização da propriedade.” (p.55)
(MORAES
FILHO, Evaristo de. O socialismo
brasileiro. Biblioteca do pensamento político republicano. Brasília:
Editora UnB, 1981.)