Entre o primeiro livro de Merquior, Razão do poema (1965), e o segundo, Arte e sociedade em Marcuse, Adorno e
Benjamin (1969), transcorreram-se cerca de quatro anos. Entre o segundo e o
terceiro, A astúcia da mímese (1972),
em torno de três anos. A partir de Saudades
do carnaval, publicado em 1974, pela editora paulista Forense, José Guilherme Merquior – é, de fato, impressionante – praticamente não deixa nenhum ano sem a notícia de um livro novo seu.
Vamos acompanhar essa trajetória assombrosa de publicações neste e nos próximos
posts em QMM.
Em Saudades do
carnaval, subintitulado “introdução à crise da cultura”, Merquior dá vazão
especial a um interesse que caracterizará sua perspectiva de compreensão
cultural por toda a vida: é, com efeito, no percurso da história que o ensaísta
procura compreender a relação entre cultura e sociedade da Renascença até ao
período contra-cultural daqueles anos de 1960 e 70. Outro interesse presente no
livro refere-se à noção de “crise da cultura”, que reaparece no debate encetado
pelos ensaios coligidos no volume Formalismo
& tradição moderna, mas que, no decorrer da década de 1980, já não se
coloca, para Merquior, como um “problema”. Até agora, Saudades do carnaval só teve uma única edição, cuja capa se retrata
na imagem acima à esquerda.
A primeira edição de Formalismo & tradição moderna apareceu em 1974, também pela
editora Forense em parceria com a Universidade de São Paulo. A segunda edição
consta como o até agora penúltimo volume da Biblioteca José Guilherme Merquior
da editora É Realizações, publicado em 2015. Conta com a apresentação “Relendo
José Guilherme Merquior: 40 anos de Formalismo
& tradição moderna”, de José Luís Jobim, e de dois posfácios: “A
modernidade alternativa de José Guilherme Merquior”, de João Cezar de Castro
Rocha, e “A dialética da militância”, de Peron Rios. Como nos títulos
anteriores da coleção, o livro contém reprodução de cartas escritas e recebidas pelo
ensaísta carioca, e outros documentos.
Em 1975, publicou-se o menor dos livros do escritor
e diplomata: O estruturalismo dos pobres
e outras questões. Foi lançado como título da Coleção Diagrama pela editora
Tempo Brasileiro, de propriedade do amigo Eduardo Portella, que já havia
publicado Arte e sociedade em Marcuse,
Adorno e Benjamin. Trata-se, essa, da única edição ainda hoje do voluminho
de 87 páginas.