terça-feira, 24 de maio de 2016

Merquior: de direita ou de esquerda?

Em entrevista a edição da revista VEJA de 1981, José Guilherme Merquior declarou que “uma atitude intelectualmente séria é não tratar com categorias maniqueístas”, e à pergunta – “Entre a esquerda e a direita, onde é que o senhor fica?” – respondeu nestes termos que ainda hoje têm algo a ensinar:

Alguém definiu admiravelmente bem as pessoas de minha posição ideológica. Foi o polonês Leszek Kolakowski, num texto que é uma pérola – “como ser conservador, liberal e socialista”. No fundo da visão conservadora, existe um elemento muito positivo, que consiste em acreditar que nem todos os males humanos têm causas sociais, sendo portanto elimináveis através de mudanças sociais. Do lado liberal, a ideia básica, também verdadeira, é que a finalidade do Estado é dar segurança, sem esclerosar a sociedade com um sistema demasiado refratário à iniciativa individual. Enfim, o socialismo tem de válida a ideia de que o pessimismo antropológico, por trás da posição conservadora, não deve ter o poder absolutista de evitar as reformas sociais citadas pelo reformismo esclarecido.


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