quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Publicação de dois artigos sobre Merquior

Temos a satisfação de noticiar a publicação recente de dois artigos de autoria do prof. Dr. Adriano Lima Drumond em revistas acadêmicas de divulgação na internet: a 18 de agosto, o texto intitulado “A pedagogia da polêmica: o pensamento de José Guilherme Merquior e a forma ensaio”, no periódico de estudos literários REVELL da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) [disponível neste endereço], e ontem (dia 30) “Murilo Mendes: a merquioroscopia de um visionário”, na Araticum da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) [disponível neste endereço].

O primeiro artigo apresenta uma noção que se propõe a compreender o mecanismo discursivo geral do pensamento de Merquior, considerando especialmente sua formulação ensaística, sua disposição para a polêmica e sua proposição pedagógica. Dados os limites ao texto, ativemo-nos a identificar três aspectos do que denominamos de pedagogia da polêmica.

Aproveitamos o ensejo para informar aqui algumas erratas relativas a esse texto, de que apenas depois nos demos conta:

  • à 2ª página, 13ª linha: onde se lê “De Anchieta a Euclides (1974)”, deve-se ler De Anchieta a Euclides (1977)”;
  • à 5ª página, 8ª linha: onde se lê “de um lado, explica a natureza dialógica”, deve-se ler, com negrito, “de um lado, explica a natureza dialógica”; e 13ª linha: onde se lê “Em posfácio a mais recente”, deve-se ler “Em posfácio à mais recente”;
  • à 7ª página, 7ª linha: onde se lê “mas, também, o contexto”, deve-se ler “mas também o contexto”; 9ª linha: onde se lê “métodos de análises literária”, deve-se ler “métodos de análise literária”; e penúltima linha: onde se lê, “se renderem”, deve-se ler “se render”;
  • à 10ª página, 23ª linha: onde se lê “nouveau roman francês”, deve-se ler “nouveau roman francês”;
  • à 13ª página, 4ª linha: onde se lê “entre duas vozes autorais”, deve-se ler “entre duas vozes autorais (ou mais)”;
  • à 16ª página, 17ª linha: onde se lê “(MERQUIOR, 1983. (p.232)”, deve-se ler “(MERQUIOR, 1983, p.232)”.
O segundo artigo se dedica a rastrear elementos que atestariam a congenialidade entre a poesia de Murilo Mendes e o pensamento de José Guilherme Merquior, congenialidade verificada (mas não exatamente esclarecida) por Luciana Stegagno Picchio. Sabe-se que o autor de Saudades do carnaval distinguiu três poetas modernos brasileiros na sua admiração e preferência: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e o juizforano. Todavia, é na poética deste último, de fato, que o ensaísta carioca parece ter encontrado uma visão crítica muito similar à sua. O texto consiste em parte adaptada de capítulo do livro Os poemas da razão: José Guilherme Merquior e o modernismo brasileiro (Drummond, Cabral e Murilo), a ser publicado – esperamos – em breve.

Não podemos deixar de expressar nossa imensa gratidão aos respectivos editores e pareceristas de ambos os periódicos pela oportunidade preciosa de veicular alguns dos resultados parciais da pesquisa que vimos conduzindo e realizando desde fevereiro de 2013, com sede no campus Dom José Vásquez Díaz da Universidade Estadual do Piauí (município de Bom Jesus), com a atual colaboração dos discentes do Curso de Licenciatura Plena em Letras Português Daniela Ferreira Martins, Denise Bezerra Leal, Lucas Negreiros França, Nicélia Oliveira Campos e Silvânia Maria de Sousa Brito.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

100 anos de Cleonice Berardinelli

Ontem (28 de agosto) Cleonice Berardinelli completou 100 anos de vida. Seu aniversário é motivo de comemoração tanto de quem a conhece pessoalmente (familiares, amigos, ex-alunos) quanto de quem aprecia a belíssima literatura portuguesa. Pois trata-se de uma mulher que representou um marco para a história dos estudos de Camões, de Camilo, de Eça, de Fernando Pessoa no Brasil. Sua contribuição e importância nesse âmbito equivalem ao de Afrânio Coutinho para a renovação da crítica literária brasileira no século XX, por ter instruído, formado e orientado, em graduação e pós-graduação, boa parte dos primeiros professores universitários brasileiros de literatura portuguesa. Nisso Berardinelli conduziu adiante o legado de Fidelino de Figueiredo, intelectual português que, como professor da USP, se empenhou admiravelmente para que houvesse, na instituição, condições mínimas necessárias ao desenvolvimento do estudo e da pesquisa em torno do assunto. Fidelino enxergou em Dona Cleo, à época bastante jovem, a docência potencial e a encaminhou num trajeto que a consagraria como uma das mais respeitáveis lusitanistas brasileiras.


Num dos dias do Congresso Internacional Fidelino de Figueiredo: filosofia e literatura ("um homem na sua humanidade"), realizado em 2015 e 2016, uma de suas ex-alunas - a profa. Gilda da Conceição Santos -, em adorável alusão a minha comunicação comparativa sobre o liberalismo de José Guilherme Merquior e o do homenageado, encerrou o evento noticiando a todos os presentes que também o autor de Formalismo e tradição moderna havia sido aluno de Cleonice Berardinelli, elo de uma corrente que o levaria ao escritor português.


O centenário de dona Cleo (informalidade carinhosa, mas respeitosa), uma imensa alegria para muitos brasileiros, portugueses, falantes e leitores da língua de Camões, acaba tendo para mim aquele ressaibo, que posso traduzir nestes termos: que pena o ex-aluno Merquior não poder prestar, com seus 75 anos de idade, sua homenagem certa à eterna e divina professora.