sábado, 13 de junho de 2015

Comunicação na Unimontes

Quarta-feira (10 de junho), a convite do prof. Dr. Osmar Pereira Oliva, tive a alegria de pronunciar a comunicação “Machado de Assis impressionista: a compreensão crítica e historiográfica de José Guilherme Merquior”, no IX Seminário de Literatura Brasileira, realizado no campus da Unimontes, em Montes Claros-MG.

Nesse evento, de respeitável tradição e muitíssimo bem organizado, com direito a números musicais de qualidade, tomei por bibliografia básica, de Merquior, os textos “Estilos históricos na literatura ocidental”, publicado em Teoria literária (1975) pela editora Tempo Brasileiro, e capítulo referente a Machado de Assis que integra De Anchieta a Euclides, livro que recebeu sua quarta edição ano passado, pela É Realizações.

Minha comunicação partiu da defesa merquioriana da noção de estilos de época (ou, como preferia o ensaísta de O véu e a máscara, “estilos históricos”) em contexto de ataque estruturalista à abordagem historiográfica da literatura, na década de 1970. Em seguida, caracterizou-se o impressionismo literário, segundo Merquior, assinalando as razões desse incomum enquadramento estilístico da obra machadiana. O terceiro passo da comunicação consistiu em averiguar as consequências de tal compreensão no que se refere tanto ao romancista carioca quanto ao crítico conterrâneo. No primeiro caso, Machado de Assis figuraria como um dos quatro pilares da prosa tardo-oitocentista brasileira, ao lado de Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha e Rui Barbosa, nomes pouco frequentes nas listas de autores em nossos manuais de literatura, universitários e de ensino médio. Além disso, o criador de Capitu seria aproximado de Henry James e Marcel Proust, de modo a destacar ainda mais a modernidade do escritor brasileiro. No caso de José Guilherme Merquior, viria a revelar-se injustificável a pecha de conservador que tantos insistem ainda hoje em imputar-lhe, na medida em que, se não contesta propriamente os fundamentos do cânone, acaba por procurar reformulá-lo, no fito de se alcançar maior justiça de avaliação e melhor entendimento da literatura, nacional ou ocidental.
Trata-se, a meu ver, da mesma lógica que subjaz as críticas merquiorianas à antimodernidade das vanguardas euromodernistas, assim como a cobrança merquioriana de uma visão constantemente crítica, por parte dos escritores, sobre a sociedade, ainda que burguesa e liberal. O aparente paradoxo se dissipa, se nos damos conta de que se pode criticar o funcionamento de um sistema, sem necessariamente contestar o sistema, com o objetivo de eliminar as naturais imperfeições de sua realidade.

A comunicação deverá ser publicada em livro que abrangerá a temática de todo o evento, “o romance oitocentista: variações e diversidades”.
 

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